Valéria Esteves
Repórter
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Terminou neste domingo o 4º Encontro dos povos do cerrado em Montes Claros. O evento aconteceu pela primeira vez no Norte de Minas trazendo para Montes Claros indígenas, quilombolas, geraizeiros, caatingueiros, quebradeiras de coco entre outros povos que fazem do cerrado um bioma rico em diversidades.
Desde o dia 15 os povos do cerrado se reuniram para protestar em favor desse bioma considerado por pesquisadores como o bioma do contato graças à sua posição geográfica que permite que todos os outros se encontrem, caso do pantanal entre outros.
O evento teve a presença da ministra Marina Silva que se mostrou interessada em lutar pelas causas dos cerradeiros que vivem em sua maioria do agro-extrativismo e da agroecologia, no Norte de Minas seguido à risca e incentivado pelo CAA - Centro de agricultura alternativa e pelo instituto Grande Sertão.
Mas não é de agora que a região encontra nos gerais a fonte de alimentação seja no vigor do pequi, seja da casca ou mesmo da castanha do coco babaçu, das proteínas da mangaba do jatobá, da autenticidade e poder de cura da fava danta e, enfim, das riquezas que só o cerrado oferece.
O momento foi de união demonstrado nas palavras de representantes como o presidente do CAA, Braulino Caetano.
- O cerrado é minha vida: se ele morrer, eu e os cerradeiros morreremos também. Precisamos que as políticas públicas olhem por nós o que falta é isso para conseguirmos tirar nosso sustento do cerrado.
GRANDE SERTÃO
Braulino enfatizou o sucesso do Instituto Grande Sertão que começou fabricando cinco toneladas e hoje já atinge em média noventa toneladas. Um avanço que tende a crescer incessantemente com a coragem dos povos que vivem da agricultura familiar.
A feira dos povos do cerrado contou ainda com a realização de oficinas e com o comércio de artesanatos e artefatos dos povos diversos.
Os povos também manifestaram sua vontade de mudança em eata que percorreu o centro de Montes Claros no sábado, trazendo em mãos tambores e instrumentos que representam os sons das músicas de cada comunidade ali presente.
A eata gritava por defesa do cerrado e por um fora ao modelo do agronegócio, como bem defendeu o pesquisador do cerrado, Carlos Eduardo Mazzeto na abertura do evento. Nos cartazes dizeres como: o cerrado é de quem mora e não de quem explora, e preserve a nossa identidade cultural.
Nesse momento a comunidade da Serra das Araras apresentava danças folclóricas.
Mas o que ficou de lembrança desse 4º Encontro, na cabeça dos geraizeiros conforme os mesmos foi proximidade de se conseguir e alcançar os objetivos que é tornar o cerrado o melhor lugar pra se viver, como bem descreveu a carta de Montes Claros aos povos do Cerrado ao destacar a situação dos povos: Depois da destruição da Mata Atlântica, no Brasil, é sobre os cerrados que pesa o papel da continuidade da produção de commodities barata para alimentar a desigualdade do sistema mundial de produção de mercadorias e capitais.
Hoje, nossas populações se encontram literalmente encurraladas pela apropriação das chapadas pelos latifúndios produtivos do agronegócio que não só concentram poder e riqueza como desestabilizam os ciclos e fluxos ecológicos que eram sustentados pela biodiversidade e pela função de caixa d´agua exercida pelas chapadas. Como unidade ecológica fundamental para a reprodução dos modos de vida e produção das população dos Cerrados, as chapadas eram e são áreas de uso comum, ricas em recursos do extrativismo, cujo manejo tradicional propiciou a sua conservação e uso sustentável durante séculos.