Valéria Esteves
Repórter
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O Norte de Minas pode sofrer os impactos com a descoberta do foco da febre aftosa. Apesar de estar distante do foco, em Mato Grosso do Sul, a região, conforme o presidente da Associação dos criadores de gado de corte do Norte de Minas, João Gustavo de Paula está sob o risco de ter a situação econômica prejudicada. Até o momento, os 40 países que recebem a carne ainda não bloquearam o produto de exportação de Minas Gerais.
O Norte de Minas, que tem um rebanho de dois milhões e duzentos e sessenta mil cabeças de gado mandou no ano ado cerca de 62,574 cabeças de gado para o frigorífico Mata Boi, em Araguari, e para o frigorífico Bertim, em Ituiutaba. Essa transação resultou numa média de faturamento de R$ 60 milhões para cada produtor.
No ano ado, o produtor teve uma renda média de R$ 60 milhões
com a venda do gado
DOENÇA DESCARTADA
Sobre a possibilidade de a doença chegar ao Norte de Minas, o delegado do Ima - Instituto mineiro de agropecuária, Humberto Antunes assegura que não há essa possibilidade, até o presente momento, já que os animais receberam a última dose da vacina contra a aftosa no último mês de setembro.
A carne brasileira já não entra em 32 países, dos quais 25 da União Européia, além da Rússia, Israel, África do Sul, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, que impam restrições parciais ou totais ao produto brasileiro.
Os estados vizinhos a Mato Grosso do Sul estão apertando as regras para veículos do estado não ingressarem em seus territórios. No estado de São Paulo, por exemplo, veículos de Mato Grosso do Sul carregados com carne estão sendo orientados a voltar.
MINAS LIVRE
João Gustavo lembra que a Organização internacional de saúde dividiu os estados por distritos, no entanto, Minas Gerais fica no distrito leste onde também estão Rio de Janeiro e Espírito Santo. O Mato Grosso do Sul entra no distrito Sudeste junto a São Paulo, Goiás, Paraná entre outros. Isso, em sua visão, significa que o Norte de Minas e o seu distrito ainda mantêm o título de área livre da febre aftosa e o registro de boi verde.
O que os pecuaristas da região não contavam é que o Chile e a União Européia vetassem a entrada de carne brasileira. O frigorífico Bertim exporta para o Chile, o que significa que boa parte da carne norte-mineira e mineira estará comprometida.
O presidente ainda ressalta que o governo está tomando as providências necessárias para que o país, que hoje é o maior exportador de carne do mundo não perca a credibilidade.
CULPA
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues culpa a ausência de investimentos nesse setor pelo foco da febre aftosa detectado na fazenda Vezozzo, em Eldorado, no Mato Grosso. Em nota, ele afirma que o ministério pediu um recurso de R$ 163 milhões para aplicar na defesa sanitária, mas o governo liberou apenas R$ 40 milhões - o que foi insuficiente para conter quaisquer problemas no setor, como está sendo o caso da febre aftosa.
Aqui no Norte de Minas, os pecuaristas aguardam o transcorrer dos fatos e uma posição do governo federal quanto ao mercado exportador da carne brasileira.
PREJUIZOS
Conforme nota divulgada pelo site Boletim agropecuário, caso os estados de São Paulo e Paraná vetem a carne de Mato Grosso do Sul, devido à constatação de febre aftosa, as arrecadações mensais de ICMS - Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços pelo governo do estado podem ter um baque de 8,5%, o que representa perda de R$ 20 milhões, considerando que mais de 90% dos R$ 22 milhões arrecadados do setor - frigoríficos e boi gordo - se referem à saída de animais, tributada, conforme o superintendente de istração tributária do governo, Gladiston Amorim. De 80 a 90 mil animais saem do estado mensalmente em pé para serem abatidos em outros estados.
- O efeito na economia é devastador. Na minha concepção a carne é tão importante quanto o gás natural - afirma.
De acordo com ele, mensurar as perdas que a economia local terá com o embargo é difícil, uma vez que envolve também a provável queda do valor de arroba e o comportamento que o consumo interno poderá ter. Isso porque Mato Grosso do Sul tem um rebanho de 25 milhões e população de pouco mais de dois milhões de habitantes, o que significa que a capacidade de consumo está muito aquém da produção.
EXPORTAÇÕES
As exportações, que não são tributadas, renderam US$ 254 milhões de janeiro a setembro, somando remessas de carnes congeladas e refrigeradas. Até agora, na Fazenda Eldorado, mais de mil animais, a um raio de 25 quilômetros, foram sacrificados.
João Gustavo explica que no caso da constatação do foco e a comprovação do produtor de que ele seguia as normas da legislação da saúde animal haverá indenização por parte do governo. Se na fazenda houver animais de elite, o preço será condizente com o valor do animal, mas ele fala ainda que o governo paga pelo preço médio do animal, o que de certa forma é um prejuízo parcial.