Eduardo Brasil


Repórter


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Eloísa Solange Rosa comemora no próximo dia 02 de fevereiro suas Bodas de Prata como funcionária da câmara municipal de Montes Claros, onde começou a trabalhar, levada pelo então presidente da casa, Ivani Ribeiro, em 1981. São 25 anos de atividades junto ao legislativo, seis dos quais à frente da sua gerência istrativa.

Oriunda de família simples, nascida e criada na roça, no município de Itacambira, Solange desembarcou em Montes Claros aos nove anos de idade para vencer na vida. Apoiada pelo cunhado, o ex-vereador Deosvaldo Santos Pena, a quem trata de paizão, estudou, formou-se em Pedagogia e especializou-se em poder legislativo e psicologia educacional.

- A minha meta agora é me especializar em istração legislativa para aprimorar ainda mais o meu trabalho junto à câmara e à população de Montes Claros - diz ela.

Em entrevista a O Norte, Solange Rosa fala um pouco dessas duas décadas e meia de trabalho legislativo. Revela sua dedicação ao trabalho, descarta aspirações políticas de ser um dia candidata à vereadora, e afirma que só deixará a câmara ao se aposentar ou quando Deus quiser.

- Enquanto Ele quiser, estarei aqui prestando meus serviços – assegura.

A seguir, confira trechos da entrevista:

O NORTE – Qual o balanço que a senhora faria destes 25 anos de serviços junto ao legislativo municipal?

SOLANGE ROSA – Quando iniciei na câmara, aos 15 anos de idade, jamais imaginei a dimensão que o meu trabalho ganharia ao longo do tempo. Comecei como recepcionista e há seis anos ocupo a gerência da casa. Portanto, eu faria um balanço altamente positivo. A câmara cresceu e eu cresci acompanhando esse processo. Quando iniciei, era tudo muito mais difícil. A câmara funcionava em um ambiente improvisado, em prédio alugado na rua Governador Valadares. O legislativo, enfim, se adequou de lá pra cá, sobretudo por conta da demanda aos seus serviços que cresceu de acordo com o desenvolvimento da cidade. Hoje, a demanda é bem maior e isso exigiu de todos nós uma maior dedicação e qualificação de nossos serviços. Dos trinta funcionários efetivos que a casa tem, 20 possuem curso superior. Essa qualificação proporciona uma prestação de serviço imensamente superior à que era prestada no ado, facilitando, por outro lado, o trabalho do próprio vereador.

ON – Como gerente, a senhora mantém relações mais próximas com os presidentes do legislativo. Como tem sido essa convivência ao longo destes 25 anos?

SOLANGE – Harmoniosa, marcada pelo respeito mútuo. Com todos sempre mantive um relacionamento isento de qualquer problema, seja ligado às minhas atribuições ou de aspecto pessoal. Todos eles foram excelentes, são excelentes, a exemplo do atual, vereador Ildeu Maia, ainda que cada um guardando as suas particularidades. Percebi que cada um deles tratou de preservar a sua maneira de ser, sem, no entanto, romper com os preceitos legislativos, os princípios legais de suas funções. Nunca tive qualquer incidente de trabalho que pudesse prejudicar este relacionamento profissional e que afetasse o desenvolvimento dos trabalhos da câmara. Não somente com os presidentes, mas com todos os vereadores, sem exceção.

ON – Essa longa carreira no legislativo municipal nunca serviu como incentivo para que vislumbrasse um mandato de vereadora?

SOLANGE – Não. Nunca. O meu trabalho é meramente istrativo, de atendimento, de apoio técnico. Nunca me deixei envolver por questões políticas, apesar de executar um trabalho político. Mas não politizo as minhas ações, seja junto à mesa diretora, junto aos vereadores e até mesmo junto ao povo que nos procura diariamente. Concorrer a um cargo eletivo nunca ou pela minha cabeça. Usar meu cargo para essa finalidade. Eu tenho uma missão, que me foi dada por Deus, que é essa, a de executar meu trabalho na câmara preservando minha isenção em relação às questões políticas, ainda que tão peculiares a casa. Faço minha parte como a e será assim até quando chegar a minha aposentadoria ou quando Deus quiser.

ON – Os vereadores cobram muito da senhora? Muitos dos problemas que eles enfrentam para consolidar seus atendimentos à população acabam na sua mesa?

SOLANGE – A cobrança sempre existe, faz parte. Quanto aos problemas, sim, sempre alguns acabam na minha mesa. Mas é natural, porque uma de minhas atribuições é exatamente a de assistir aos vereadores na conclusão de suas ações. O vereador, ainda que conte com uma assessoria eficiente em seu gabinete não consegue dar conta de tudo, como gostaria, como desejaria. Aí, entra o nosso trabalho, que procuro fazer com toda a dedicação. O resultado tem sido satisfatório e isso engrandece ainda mais a nossa missão na câmara municipal.

ON – Como tem sido o relacionamento do legislativo com o executivo? Cobrou-se, no ano ado, um relacionamento mais dinâmico entre os dois poderes.

SOLANGE – Tem sido um bom relacionamento, apesar das dificuldades que as mudanças de governos exigem. Quando há mudança, essas dificuldades são plenamente entendidas. Resta agora ajustar as coisas e, certamente, com o amadurecimento que os dois poderes acumularam em 2005, o relacionamento entre os vereadores e o prefeito será o ideal neste ano. Quem ganhará com isso será o povo.

ON – Em breve a câmara deverá estar funcionando em prédio novo, próprio. Naturalmente isso facilitará ainda mais a prestação de serviço à população e o próprio trabalho parlamentar.

SOLANGE – Sem dúvida nenhuma. O atual prédio já não comporta os serviços do legislativo. O espaço é pequeno e quem vive o dia a dia da câmara é que entende as dificuldades. O novo prédio nos dará condições ideais para trabalhar. É uma iniciativa louvável do presidente Ildeu Maia e compreendida por todos nós, funcionários e vereadores. O novo prédio consolidará ainda mais a independência do poder legislativo diante do executivo, como reza a Constituição de 1988.

ON – Como está o processo de construção da nova sede?

SOLANGE – No próximo dia 23 de fevereiro será promovida licitação para que as obras tenham início logo em seguida.

ON – Existirão recursos suficientes para concluir o projeto arquitetônico que pode custar cerca de R$ 2 milhões?

SOLANGE – Nós esperamos que sim e estamos empreendendo uma política financeira austera, procurando economizar o máximo para alcançarmos esse objetivo. O presidente espera que com essa economia as obras avancem, criando condições para que pelo menos o plenário fique pronto ainda neste ano, com previsão de concluirmos todos os serviços até o final de 2007.

ON – Diante do momento crítico que a política brasileira vive, com a corrupção instalada no cerne do governo em Brasília e do congresso nacional, a câmara de Montes Claros faz a diferença?

SOLANGE – Sem dúvida nenhuma. A câmara tem sido transparente e responsável ao lidar com o patrimônio público. Essa virtude lhe tem garantido a diferença que hoje é reconhecida pelo povo. O legislativo de Montes Claros é uma referência de probidade, de respeito à Constituição do país, à Lei orgânica municipal. Tanto que representantes de várias câmaras da região, de municípios até mesmo localizados no Sul da Bahia nos procuram, buscam estreitar suas relações conosco para repetir as boas ações que têm marcado a legislatura de nossa cidade. Portanto, a câmara de vereadores de Montes Claros é um exemplo da boa conduta política e eu sou testemunha de tudo isso, de toda essa história que nos dá muito orgulho de fazer parte.